domingo, 24 de março de 2024

Comentários sobre os textos da aula 3

 


As dúvidas mais frequentes sobre os textos de Bauman e de Soja são discutidas aqui. 

sexta-feira, 22 de março de 2024

A Geografia no divã II



"Foi ela que começou!"

Poucos se lembram da influência da irmã mais velha da Geografia na formação de sua identidade. Boa parte dos trejeitos da Geografia estavam relacionados da sua irmã, a História, que tentou torná-la mais forte para encarar as lutas do dia-a-dia. Sempre que a Geografia fraquejava, corria a História para defendê-la. Muitas vezes, a História falava por ela: dizia o que a Geografia queria, o que ela precisava, identificava as suas forças e justificava pelas suas fraquezas. Nesse processo, a Geografia ficava um pouco sob o poder de sua irmã - seus limites eram definidos pela Outra.

domingo, 17 de março de 2024

Aula 3 - Riscos e oportunidades de uma periodização pós-moderna


A aula 3 fez uma provocação: podemos falar da pós-modernidade como um novo período histórico? Essa polêmica hipótese observa o acúmulo de registros das ciências sociais que apontam para uma crise da Grande Narrativa da Modernidade. De um modo geral, se argumenta que a universalização, homogeneidade, regularidade, cientificismo e racionalidade propostos pela Grande Narrativa se mostravam tão arbitrários e autoritários do que aqueles valores que regiam o mundo anteriormente à Modernidade.
Para os defensores do Período Pós-Moderno, há mudanças suficientes na economia, na cultura e na política que sustentam a busca de novas estruturas. Enquanto não há consenso sobre as formas e os sentidos dessas novas estruturas, resta uma enorme fragmentação. Nesse contexto, não cabe realizar grandes julgamentos dos registros, por mais variados que eles sejam. É preciso retomar a tarefa empírica do mundo e refletir sobre o seu reencantamento, sobre a sua nova humanização. Sobre os escombros da Modernidade, é possível multiplicar e diversificar os registros, que apontam para diferentes tempos e diferentes territórios.

sábado, 16 de março de 2024

Filme: Industrialização, urbanização e desumanização em Tempos Modernos



O filme "Tempos Modernos", dirigido e estrelado por Charles Chaplin (1936), é ilustrativo de diversas características associadas ao período da Modernidade. Primeiro, tem como pano de fundo a industrialização e a produção em série no início do século XX. Todos os trabalhadores são controlados pelos ritmos das máquinas (o próprio relógio que inicia o filme) e pela escala de produção. Segundo, toda a trama se constrói em um ambiente urbano, no qual todo o cotidiano dos trabalhadores é dependente de transportes motorizados, grandes distâncias a serem cumpridas e uma multidão de estranhos. Terceiro, a forma de explicar ou justificar o mundo é cada vez mais dependente de um discurso científico ou técnico, em detrimento dos discursos religiosos de outrora. Em respostas a essas características da Modernidade que desumanizam a todos (as ovelhas que são colocadas para ilustrar o deslocamento nos metrôs, a máquina para forçar a alimentação dos operários), vê-se adoecimento, greves, violência. Naquilo que se refere aos espaços, podemos ressaltar que a Modernidade pressupunha uma capacidade de planejamento e intervenção que eram desconhecidas até esse momento. Era preciso garantir que as cidades se tornassem verdadeiras "máquinas de morar", com deslocamentos acelerados e uma clara vinculação ao processo produtivo. 

sexta-feira, 15 de março de 2024

Comentários sobre os textos da aula 2

 


Ao longo dos últimos anos do curso de FESPG, algumas dúvidas têm sido levantadas sobre os textos de referência da aula 2. Aqui vão alguns esclarecimentos. 

sexta-feira, 8 de março de 2024

Aula 2 - Modernidade e a influência da histoire des annales na Geografia



Na aula 2, discutimos a influência da histoire des annales no desenvolvimento da Geografia Moderna. Destacamos como, durante o momento inicial da Geografia, havia uma grande cumplicidade com a História. O movimento da histoire des annales iniciado por L. Febvre e March Bloch apresentava interesse na renovação temática e metodológica da História, procurando também em disciplinas vizinhas elementos para a sua própria renovação. A Geografia confiava na História uma parte da tarefa de desenvolver seus conceitos e encontrar seu lugar entre as ciências sociais. Nesse processo, historiadores como L. Febvre foram responsáveis por defender e difundir a Geografia em momentos importantes, inclusive na celeuma com a Sociologia de E. Durkheim e Mauss. Ao fazê-lo, conferiu-se um poder particular à História, que ganhava margem para definir aquilo que a Geografia poderia ou não fazer. A Geografia assumia limites de investigação que pareciam negociados com a História: "ciência do presente", empirismo, possibilismo, naturalismo, "estudo do que é fixo" eram formas de explicar a Geografia Tradicional Francesa que se encaixavam perfeitamente aos interesses da História.

domingo, 3 de março de 2024

AULA 1: Introdução, programa e cronograma do curso




O curso de Fundamentos Econômicos, Sociais e Políticos da Geografia se baseia em três premissas gerais: primeiro, é preciso encontrar uma identidade para a Geografia dentro do campo das ciências sociais; segundo, é absolutamente fundamental reforçar os nossos conhecimentos teóricos sobre áreas correlatas (economia, filosofia, sociologia, história, ciência política etc.) no intuito de facilitar a inserção da Geografia nos fóruns multidisciplinares; por último, é preciso pensar a Geografia como um conhecimento que procura debater seus conceitos, seus temas e suas teorias, relativizando a forte carga empírica que perpassa sua história. Para tanto, o curso se divide em 4 módulos fortemente conectados que procuram orientar a investigação dos fundamentos da nossa ciência. Os slides referentes a aula introdutória podem ser encontrados aqui. O programa do curso e o cronograma geral de leituras podem ser encontrados no seguinte link.